Por Fabio Castilho
Os helicópteros da Airbus Helicopters H125 e H130 – designações comerciais dos
consagrados helicópteros da família ESQUILO AS350 B3e e EC130 T2,
respectivamente -, são equipados com uma turbina Arriel 2D, da Turbomeca, que
possue um avançado controle eletrônico (FADEC). A principal vantagem deste sistema
digita é permitir uma melhor utilização da potência disponível, por meio de uma
dosagem de combustível ótima. O FADEC (Full Authority Digital Engine Control), além
de calcular a quantidade exata de combustível a ser introduzida na câmera de
combustão, gerencia outras funções, tais como: apresentação de dados à tripulação
por meio do VEMD (Vehicle and Engine Multifuntion Display), sistema automático de
partida, controle dos limites dos parâmetros primários do motor, EPC (Engine Power
Check), cálculo de ciclos das turbinas, controle de desgaste da turbina geradora de
gases etc.
O conceito FADEC aplicado nesses helicópteros isenta o piloto da dosagem de
combustível, mesmo em situações de emergência, como uma pane total do FADEC.
Seja qual for a fase do voo, os canais A e B irão realizar a regulação de combustível
baseados em leis programadas em suas memórias e em informações oriundas de
sensores instalados no próprio motor e na célula. Na impossibilidade de a dosagem ser
realizada por um desses canais, um sistema de comando de emergência EBCAU
(Emergency Backup Control Ancillary Unit) é acionado automaticamente. Caso essa
pane pouco provável ocorra, luzes GOV âmbar e GOV vermelha irão alertar à
tripulação sobre a necessidade de trabalhar as variações de potência com mais
suavidade. O piloto, então, irá preocupar-se somente com a pilotagem e com o pouso,
uma vez que a dosagem será garantida pelo cartão de circuito impresso EBCAU.
Embora não possua a mesma capacidade de dosagem do FADEC, esse sistema de
emergência foi projetado para não deixar o motor apagar ou extrapolar seus limites,
garantindo a dosagem do combustível até que o pouso seja praticável e o corte do
motor comandado pelo piloto.
Para qualquer outra forma de dosagem eletrônica do combustível, onde o piloto
seja solicitado a dosar combustível na eventualidade de uma emergência, deve ser
empregado o termo EECU (Eletronic Engine Control Unit), ou DECU (Digital Engine
Control Unit). O conceito FADEC, tendo na sigla o termo FULL, deve ser reservado para
sistemas totalmente gerenciados eletronicamente: partida, voo, emergência, corte,
reacendimento.
Além das informações recebidas pelo FADEC através de seus sensores,
potenciômetros instalados na cadeia de comando enviam aos computadores sinais
elétricos que indicam com exatidão a posição do comando coletivo e do pedal direito,
este último utilizado pelo piloto para oposição ao torque de reação (Cr) – tendência do
nariz do helicóptero girar no sentido oposto ao do giro do rotor principal, quando
ocorre aumento de potência -.
No voo à frente, com velocidade indicada acima de 40kt, o pedal direto está
mais próximo do neutro, pois um vetor força é gerado na deriva superior, de mesma
direção e sentido do empuxo gerado pelo rotor de cauda, diminuindo a necessidade do
acionamento daquele rotor. No pairado, no entanto, o pedal direito estará bem
avançado, pois não há sustentação na deriva capaz de manter a aeronave estabilizada
no eixo de guinada. O potenciômetro XPA tem a importante função de solicitar ao
FADEC mais rotação (NR) para o rotor principal, para aumentar as chances de realizar
uma autorrotação com sucesso, caso ocorra apagamento do motor no voo pairado.
Se o potenciômetro XPA falhar, o Modo Integral será adotado pelo FADEC. A N2
será mantida alta (102% N2) para qualquer posição do coletivo, com a finalidade de
atender às necessidades de todas as fases do voo, mesmo as mais críticas.
Considerações finais
Independentemente do modo de dosagem adotado pelo FADEC ou mesmo se o
pouso precisar ser realizado com a dosagem sendo efetuada pelo EBCAU – por
exemplo, se os sinais do XPC e do XPA forem considerados inválidos
simultaneamente-, o piloto deverá continuar pilotando a máquina normalmente,
porém, sem variações bruscas de potência. Fora do Modo Proporcional, o FADEC
estará dosando com degradação (abaixo de sua capacidade plena) e variações bruscas
de potência serão respondidas com menos eficiência nessas condições.
Para todos os modos de dosagem, os procedimentos previstos no manual de voo
(FLM) devem ser integralmente considerados pelos pilotos. Seja em situações normais
ou situações de emergências, nos H125 e nos H130, a dosagem do combustível será
sempre digital (FADEC ou EBCAU).
Fábio Castilho é ex-militar da FAB, formado pela Escola de Especialistas de
Aeronáutica. Tem mais de 15 anos de experiência com a manutenção de helicópteros
da linha Airbus. Atualmente é instrutor do Centro de Treinamentos da HELIBRAS, em
Itajubá-MG e graduando bacharel em Ciências Aeronáuticas na UNISUL